sexta-feira, 15 de maio de 2015

Exílios

A cronicidade na itinerância deturpa-lhe a natureza, fazendo que com tenhamos de chamar-lhe outra coisa qualquer. Talvez exílio. 
Maio, era o mês em que comprava um mapa do país com dimensão suficiente para que nele coubessem anotações em letra miudinha sobre distâncias e tempos e em que, depois de muitas horas de racionalização sofrida, seguidas por um copo de vinho tinto, escolhia a minha nova próxima terra, preparando-me para abraçar uma incógnita produzida por uma equação composta por iguais partes de razão, emoção e álea. 
Este é o primeiro de muitos maios em que não comprarei um mapa com a finalidade de escolher uma nova terra. 
Sei onde estou, sei onde fica a minha casa e tenho cada quilómetro de distância tatuado nos sentidos. 
Este é também o maio em que estão esgotados todos os pretextos para não regressar a casa.
Indo, terminarei a viagem.
Ficando, trocarei a itinerância pelo exílio. 

2 comentários:

  1. "Passa uma borboleta por diante de mim
    E pela primeira vez no Universo eu reparo
    Que as borboletas não têm cor nem movimento,
    Assim como as flores não têm perfume nem cor.
    A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
    No movimento da borboleta o movimento é que se move,
    O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
    A borboleta é apenas borboleta
    E a flor é apenas flor."

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