quarta-feira, 20 de maio de 2015

Partilhar a felicidade



Os Demónios de Emanuel Swedenborg (1688-1772) não constituem uma espécie: procedem do género humano. São indivíduos que, depois da morte, escolhem o inferno. Não estão felizes nessa região de pântanos, desertos, florestas, aldeias arrasadas pelo fogo, lupanares e obscuras guaritas, mas no Céu seriam mais desgraçados. Por vezes, um raio de luz celestial chega-lhes lá do alto e os Demónios sentem uma espécie de queimadura e um cheiro fétido. Julgam-se formosos, mas muitos têm rostos bestiais ou caras que são meros pedaços de carne ou não têm cara. Vivem no ódio recíproco e na violência armada; se se juntam, fazem-no para se destruírem ou para destruírem alguém. Deus proíbe aos homens e aos anjos traçar um mapa do inferno, mas sabemos que a sua forma genérica é a de um Demónio. Os infernos são mais sórdidos e atrozes e ficam a ocidente.

Jorge Luis Borges, O Livros dos Seres Imaginários, Teorema.

Muito, muito, muito obrigada, Maria Helena. 

8 comentários:

  1. Não são felizes? Com lupanares?!!!!!

    Simbolicamente, Dante esboçou o mapa, Aquino o mercator. Ambos exageraram.

    Um desejo concretizado?!!!!!
    Abraço!

    ResponderEliminar
  2. A confiança desenvolve uma aptidão da riqueza, da partilha de felicidade(s), assim como a desconfiança produz um complexo de pobreza.

    Obrigada sou eu, também.

    Maria Helena

    ResponderEliminar
  3. Pirata, li um post do xilre sobre os Djinn e agora temos Demónios. Pena que nenhum tenha abordado os nephilim.

    Vou até ali ouvir os campos que são deles.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Por quem é, caro anónimo, vamos já tratar dessa terrível lacuna!

      Eliminar
    2. Inspire-se: https://www.youtube.com/watch?v=_zAxD1MQrps

      Eliminar
    3. Como pode ver, os anónimos mandam na blogosfera.

      Eliminar
    4. Desenterraram-se alfarrábios de bibliotecas bolorentas, consultaram-se oráculos e deitaram-se sortes, só para satisfazer os anseios do caro/a anónimo/a.

      Eliminar
    5. Antes bolorentas as bibliotecas do que as ideias. Xilre e Pirata, para sempre!

      (Corro o risco de deixar de ser um/a anónimo/a mauz(ão) ona se me mimam tanto).

      Eliminar