Às vezes, nestas horas em que a noite cai assim devagarinho, encosto-me à varanda do convés deste navio, vejo o mar lá em baixo, à minha frente e ao meu lado, ouço o barulho do vento de encontro à bandeira presa no mastro e penso como é bom ser Pirata, viver aqui neste navio rodeada de delinquentes, não ter outra hora que não a do coração, da coragem e da oportunidade do saque, não ter de me levantar amanhã para um dia igual e, sobretudo, não estar sentada numa sala a assistir ao serviço noticiário de uma sociedade doente, em que na última meia hora se filosofou sobre fotografias macabras nos maços de tabaco e o sobre o acordo ortográfico.
«Sem a loucura que é o homem
ResponderEliminarMais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?»
FP
Cadáver adiado que procria, também poderia ter sido escrito pelo Pavese.
EliminarNão tens portanto um convés dado ao lazer, nem sequer um Salão de Festas, onde sorrisos regados a escorbuto se deliciam com mais uma tragédia em Salvaterra de Magos ou coisa que o valha.
ResponderEliminarÉ pena, há quem diga que a desgraça alheia faz bem às tropas.
Temos um salão de festas onde desgraçamos os nossos prisioneiros para enganar o tédio.
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