e do mar tens a voz rouca,
e sempre os olhos secretos,
de água viva entre silvas,
A fronte baixa como
um céu de nuvens baixas.
De cada vez renasces
como uma coisa antiga
e selvagem, que o coração
já sabia e cala.
De cada vez é um rasgão,
de cada vez é a morte.
Combatemo-nos sempre.
Quem aceita o choque
tomou o gosto à morte
e leva-o no sangue.
Como bons inimigos
que não mais se odeiam
somos uma mesma
voz, uma mesma pena
e vivemos ofendidos
sob um céu miserável.
Entre nós não há a insídia,
não há coisas inúteis -
combateremos sempre.
Combateremos ainda,
combateremos sempre.
Pois perseguimos o sono
da morte lado a lado,
e a nossa voz é rouca
a fronte baixa e selvagem
e um céu idêntico.
Fomos feitos para isso.
Se um de nós cede ao choque,
segue uma longa noite
que não é paz nem trégua
e não é morte verdadeira.
Tu já não existes. Os braços
agitam-se em vão.
Até que o coração nos trema.
Disseram um dos teus nomes.
A morte recomeça.
Coisa ignota e selvagem
renasceste do mar.
Cesare Pavese, in Trabalhar Cansa
Mas se isso é o efeito do combate, a ausência dele também parece ser um... tédio:
ResponderEliminarWhat do they say each new morning
in Heaven? They would
weary of one always
singing how green the
green trees are in
Paradise.
Jack Gilbert
Sem dúvida.
EliminarMas o paraíso é uma escolha. O combate é uma imposição. É mais puro, o último.