No mais completo espírito democrático reunimo-nos nas chaise long da piscina do convés, para referendarmos os possíveis festejos daquilo que se convencionou ser o dia da liberdade.
Formei uma lista, composta apenas por mim, que se opôs aos festejos. Recorri ao fraco argumento de que sendo nós Piratas, consabidamente as mais livres criaturas do universo, todos os nossos dias são dias de liberdade e de revolução. Também havia o problema de como arranjar cravos estando ancorados ao largo da costa da Sardenha, mas decidi omitir essa parte para evitar ser acusada de burguesa comodista e reacionária.
Ninguém quis saber.
A outra lista, da qual fez parte toda a tripulação, propôs cravos espetados na ponta dos sabres, samarras alentejanas, declamação contínua do mesmo poema de Sofia de manhã à noite, Grandola Vila Morena on repeat, um comício de luta contra o poder instalado (eu, portanto), e uma reformulação do jogo do amigo secreto, de acordo com a qual cada um de nós teria que libertar o amigo sorteado de uma coisa qualquer.
No fim do sufrágio, os insuspeitos ex-presidiários contaram os votos e concluíram que ganhou a lista pro 25 de abril por unanimidade.
Vieram os cravos diretamente de um cemitério Sardo e fez-se a festa.
Calhou-me em sorte ser amiga secreta de Álvaro de Campos a quem libertei do barril de rum que o trazia sequestrado há dois dias.
A minha amiga secreta foi a Palmier Encoberto, essa Mary Read disfarçada de caçadora de flamingos da 5th Avenue.
Libertou-me daquele baú cheio de pedaços de memórias estranhas onde há anos estava entalada, nua, descalça e de toca de banho, a fazer bolas de sabão. Deu-me o meu novo header, onde nem sequer faltam uns fabulosos Louboutin.
E assim cumpriu-se abril.
Algures entre a Capitã e a sua amiga secreta, há uns parabéns que se impõem como a Lua cheia sobre esse mar plano.
ResponderEliminarEis um exemplo de amizade intergaláctica com consequências místicas. Bons voos Pirata.
ResponderEliminar«Recomeça…
ResponderEliminarSe puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.»
Miguel Torga
Feliz recomeço.
Bonito. Parece que a felicidade está a passar por aqui. :)
ResponderEliminarOs créditos são todos da Palmier Encoberto.
ResponderEliminarMentira! Esqueceste-te de contar aquela parte em que me trancaste no porão e me obrigaste a trabalhar dia e noite, sem água e sem alimentos, até ter o header pronto! Já para não falar da imensa quantidade de Montblancs que me atiraste à cabeça sempre que te apresentei os meus rascunhos menos conseguidos! Eu é que sei os galos que aqui tenho! :DDDDDDDDDDDD
ResponderEliminarEstive eu uma manhã inteira a inventar esta lida história sobre cumprir abril para depois ser impiedosamente denunciada...
EliminarEu cá venho só dizer que sim, que está tudo muito bonito, tudo comme il faut, mas o que eu mais gostei (além do fundo amigo dos olhos da Uva) foi de ter ver a fumar um cachimbo.
ResponderEliminarJulgo que nunca vi uma mulher fumar cachimbo pelo que a imagem captou muito a minha atenção.
Parabéns!
(As minhas desculpas ao anónimo a quem por lapso apaguei um comentário)
ResponderEliminarEntão vai pedir anónimos mauzões para lhes apagar os comentários? Só não a mando porque já lá está.
ResponderEliminarCaro anónimo mauzão:
EliminarMil desculpas. Fiquei tão feliz por ter um anónimo mauzão que o entusiasmo fez com que apagasse o comentário enquanto o contemplava deslumbrada.
Há pessoas assim... Logo um sonho se concretiza, não demoram a destruí-lo...
O header está mesmo fantástico.
ResponderEliminar(mas não são Louboutin...)
(e ainda bem)
Nesse caso só podem ser Louis Vuitton!
EliminarCuca!... Foi fazer queixinhas ao tio pipoco por estar aqui um anónimo mauzão?
ResponderEliminarOlá tio! Isso nem parece coisa de pirata. Para estar sentada no... na gávea, o melhor é descalça.
Moi? Quando muito iria vangloriar-me por finalmente ter o meu próprio anónimo mauzão, esse símbolo de status blogosférico. Se mandar o nib até lhe pago...
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