quarta-feira, 22 de abril de 2015

Lições de pintura

A paixão:



A ternura:

Jackson Pollock

3 comentários:

  1. Concordo, o amor são elípticas em movimento, num fundo quase sempre escuro.

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  2. Excelente combinação com o anterior.

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  3. "1.
    Há homens cuja arte é tão extensa que não cabe neles. Só depois de um celeiro rectangular transformado em atelier, Pollock encontrou espaço – fora de si – para criar em definitivo.
    Fora de si, para ele mesmo ficar dentro.

    2.
    Um simples cavalete não lhe servia. A técnica do gotejamento podia ser inspirada no jogo dos dardos. Ele lançando para a tela concentrado numa tripla de vintes. Descobriu-se sem pontaria. É dos pinceis, queixava-se. Já com as trinchas acertava, mas pintavam demasiado.

    3.
    No fundo pintar era-lhe um contínuo de velocidade. Descia o vale ébrio na sua bicicleta ferrugenta, saltava dela como se de um cavalo se tratasse, já de cigarro aceso ao canto da boca, descalçava-se e entrava literalmente para a tela. Lá dentro, acertava sempre. É a vantagem de se querer atingir o que já nos pertence.

    4.
    Bebia demasiado. Urinava mais. Grande Pollock. Não precisaste pensar muito.

    5.
    E os quadros sucediam-se. Brotavam do chão como ervas daninhas de variados pantones, ou muitos salpicos de uma chuva coada em paletas. A fugires do surrealismo, da mulher-lua, do círculo. Todo tu incompleto em fragmentos informes, sem início nem fim.

    6.
    Onde estava a tua bicicleta quando bebeste o último trago?

    7.
    O carro a dar-te finalmente o caos do existencialismo, em estrondo, as aves assustadas num céu limpo. A água de um radiador a escorrer pelo asfalto. Os óleos a tingirem o alcatrão. Que teimosia em estares sempre dentro das tuas obras." (Fernando Dinis)

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