segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ocasos

Lembrei-me, hoje, teu do pôr-do-sol. 
Ficava numa longa reta asfaltada que terminava no mar. 
Os raios cansados salpicavam de ouro partículas de pó na berma da estrada que, a cada ocaso, era uma pista de descolagem para a eternidade. 
Todas as pessoas tinham o seu pôr-do-sol. Há alguma nostalgia no facto de saber que não voltarei a cruzar-me com tão bizarro sentido de propriedade. 
O meu sol punha-se a dois ou três quilómetros do teu spot de ocasos. 
Afogava-se diretamente no azul do mar, parecendo mergulhar a partir da minha varanda. 
Ainda é assim que se põe o meu sol. As varandas sobre o mar são iguais em qualquer parte do mundo. 
Ocorreu-me hoje que, apesar do tanto que partilhámos, raras foram as vezes em que conseguimos viver o mesmo ocaso.


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