Eram os pés de Orfeu a dançar no palco mas era tua a expressão doente à procura do rosto de uma Eurídice por entre um amontoado de corpos.
Vi-a uma noite de agosto em que me deixei imobilizar pelos outros para, lá de cima, espiar-te a angústia de não me veres.
Como disse alguém, "Amar como deve amar-se. Com desespero."
Eram os pés de Orfeu a dançar no palco mas eras tu a atravessar o inferno sem nunca olhar para trás.
Orfeu desceu ao inferno para resgatar Eurídice do reino dos mortos.
Tu para me entregares pela tua mão.
No final, ambos choraram equitativas miligramas de lágrimas.
E tanto eu como Eurídice ficámos presas no inferno.
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