E houve um dia em que se percebeu
que toda aquela gente tinha enlouquecido. Não durante a noite, como um efeito
adverso do sono ou da sua falta. Aos poucos. Perdendo a razão todos os dias em
ínfimas mas contínuas doses de estricnina social. Enlouqueceram presos num
pântano de incapacidade, de frustração, de angústia e de solidão profunda. E até
aqueles que foram tendo consciência da perda sua lucidez, deixaram-se ensandecer
enganados pelo placebo da artificialidade. A promessa de alívio que não chegou
a tempo.
E os loucos tinham sempre frio e
procuravam uma fonte de calor qualquer. Não interessa qual. Não interessa junto
de quem.
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