segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dos instantes congelados



O silêncio de muitos meses foi quebrado sem palavras.
Na caixa de mensagens, uma fotografia.
A fotografia de um hotel.
E mais nada.
Uma interrogação, uma confissão, uma acusação?
A confissão de uma memória que é em simultâneo a acusação por uma nostalgia.
Observo as portas de vidro do hotel. Iguais ao que foram. O mesmo porteiro no mesmo chapéu bizarro. Talvez mais velho. Com certeza mais velho. Adivinho as mesmas flores nas jarras de vidro transparentes.
E depois, a sombra do fotógrafo num passeio cheio de sol. Rodeada pelos pés da gente sem pressa. Podíamos ser nós, aqueles de mãos dadas. Fomos nós, noutros tempos.
Num instante que não ficou congelado. Que se perdeu para sempre.
A fotografia não é a memória de um passado. É a acusação da falta de um presente.

2 comentários:

  1. Sigo, em silêncio, há já muito tempo.
    Hoje..., neste meu momento, o mais sincero "obrigada", parece injustamente pouco.

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