segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Paira o fascínio e a vergonha permanece

(...)
Durante todas as tardes de um Inverno
Mergulhei nesse delíquio de um instante.
Depois, acabou. Perdi a lembrança.
Ganhei saúde. Aprendi a nadar.
Mas qual criança que uma bruxa forçou 
A matar-lhe com a língua pura a sede abjecta
Corrompi-me, aterrado, seduzido,
E por mais que o doutor me dissesse curado
Do que, segundo ele, era a minha doença,
Paira o fascínio e a vergonha permanece.
(...)

Nabokov, in Fogo Pálido, Relógio D'água 

Sem comentários:

Enviar um comentário