Nós, aqueles a quem foi negado o dom de acreditar em qualquer deus, acabamos mais tarde ou mais cedo por desenvolver um sistema alternativo de crenças igualmente destituídas de senso. Se formos
forçados a defender-nos da acusação de incoerência, chamamos-lhe instinto. Mesmo que saibamos estar a mentir.
Por exemplo, hoje. Ao cair da noite, os primeiros indícios do outono no rosto, as luzes a acenderem-se lentamente nas janelas vizinhas, os Koop nas colunas de som a dizerem que "in another place i see a different you", três novos Nabokov sobre a mesa, o cheiro da baunilha a tomar conta da casa, o cão adormecido sobre um pé descalço, nenhuma pata de traça dentro do peito.
E sabe-se que nada poderá correr mal.
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