domingo, 27 de setembro de 2015

Lua de sangue



Nada sei sobre raios de sol filtrados sobre a atmosfera da terra, eclipses lunares e o perigeu. 
Sei apenas o que me foi dado a conhecer. 
Vi a lua rir-se de nós na noite em que os teus dedos tocaram no meu pulso e foi o mundo que se eclipsou.
Vi-a vigiar-nos lá do cimo da montanha quando virámos do avesso a grande ampulheta do tempo para multiplicarmos por mil um único amanhecer. 
Vi-a enviar-nos as estrelas que caíram pela baía e nos incendiaram os ossos.
Vi-a ficar azul na imóvel noite em que em vão nos esperou numa praia que já não existe. 
Sei, de saber feito, que há no mundo um lugar que não voltou a ser visitado pela lua e onde os homens adormecem na fria escuridão do esquecimento.
Se amanhã a lua se veste de vermelho, é porque de sangue é também o crime dos amantes.
Foi isto que me ensinou a lua. 

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