quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Caves

Que atire a primeira pedra quem nunca ficou escondido dentro dessa especial forma de cave que há em todas as salas de estar da existência. A ouvir os passos dos outros por cima da cabeça. À espera que um qualquer perigo abstrato se dilua no tempo. A marca da escuridão nos dedos. Quase translúcidos. O imaginado percurso da rotina cada vez mais alheia. A falta de memória do suposto perigo que nos enclausurou. E a cor dos dedos, ali, a acusar-nos do lance de escadas que não é ainda hoje que subimos. 

2 comentários:

  1. Suba sem medos, Pirata. Talvez mais acima não esteja a superfície mas somente mais uma nova cave que poderá ser tanto menos ou mais aterrorizadora do que a anterior. Suba antes que a escuridão dessa cave se entranhe, bolorenta e bafienta.

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  2. Às vezes nem o primeiro degrau, quanto mais o lance. Eu cá não atiro a primeira pedra, nem atiro nenhuma.
    Muito bem descrito. É mesmo assim, querida Cuca.

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