sábado, 9 de julho de 2016

35•

Trinta e cinco graus. Ainda.
Esqueci o chá de romã no congelador e quando regressei estava ultrapassado aquele ponto em que o chá gelado se transforma em gelado de chá.
O cão continua deitado no chão, onde o deixei, indiferente ao suborno do biscoito, desesperado por um pouco de frescura e a olhar para mim como se me responsabilizasse por este inferno. 
Estando fora de questão suportar a praia debaixo deste calor, ocorreu-me que a coisa mais próxima que poderia fazer era comprar biquínis. Comprei muitos. Alguns com lantejoulas e pregadeiras. Não servem para a praia mas ficam muito bem no mosaico da sala. Único sítio onde eu e o cão conseguimos existir. Aqui deitados, lado a lado, responsabizando-nos mutuamente, ele pelo calor, eu pelas minhas dores nas costas.
Lá fora, numa varanda próxima, um rapaz canta o Nessun Dorma de Puccini. Desligo a música para o ouvir. 
As gaivotas também não dormem já há várias noites. 
Estão trinta e cinco graus e faltam oito dias para as férias grandes. 
Daqui, do chão da sala, de onde vos escrevo, o mundo parece-me cada vez mais estranho.

10 comentários:

  1. :)

    Certamente o mundo parecerá muito mais fresco, daí do chão deitados no frio aparente do mosaico

    Não tem estado calor aqui em cima :) hoje até esteve uma noite fria :)

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  2. Quem me dera um dia entrar-me assim o Nessun Dorma de Puccini sem eu esperar, sem eu o pedir e cantado ao vivo! Até esses 35 graus gostaram, de certeza. :-) adoro o Nessum Dorma, até já o pus a tocar enquanto te escrevia este comentário.

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    1. Dentro do género "turista italiano a cantar bêbado numa varanda" até cantava extraordinariamente bem.

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  3. O frio do mosaico não te faz bem às costas!

    Beijos, Cuca :)

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