Parece-me que o sol já era tórrido e infernal quando, às duas e meia da manhã, fui arrancada da onírica sensação de deserto por uma insuportável dor nas costas. Não estava deitada na areia, coberta pelos panos da tenda berbere, mas a cama sabia àquilo que sabem cada um dos meio-dia no deserto.
Já alguém deve ter estabelecido uma correlação científica de proporcionalidade inversa entre as temperaturas demasiado elevadas e o grau de tolerância à dor. É tão óbvia que julgo impossível não estar documentada.
Mais de doze horas e muitos ibuprofenos e paracetamois de diversas cores depois, apresentaram-me essa maravilha da medicina que dá pelo nome genérico de relaxante muscular.
A perspetiva empírica permite-me jurar que a alma é um músculo.
Há toda uma lixeira de angústias, pequenos e grandes afazeres, preocupações quotidianas de vários níveis de gravidade.
E depois há o efeito incinerador de um comprimido de tamanho inofensivo que faz desaparecer as dores nas costas e todo o globo que sobre elas assenta.
É noite e lá fora, dizem-me, estão trinta e cinco graus.
Preciso de um genérico que volte a pôr o meu tornozelo no tamanho normal. Já quase não mexo o pé.
ResponderEliminarAs melhoras das tuas costas. :)
Se tomares um relaxante muscular o pé continuará na mesma. Mas tu deixarás de te importar com isso. :)
EliminarAdoro a ideia de a alma poder ser um músculo. Isso facilita tudo, quando vêm as dores d'ela.
ResponderEliminarEspero que já estejas boa.
Obrigada linda.
EliminarTalvez até devêssemos fazer alongamentos para a alma. É todo um novo mundo de possibilidades.
alongamentos para a alma parece-me muito muito muito bom. ficaria flexivel...imagino uma alma contorcionista...que jeito que dava...
EliminarAlém do mais os alongamentos evitam dores musculares.
Eliminaré preciso receita médica?
ResponderEliminarEspero que sim.
Eliminar:)