Pendurados na grande gaiola de grades da cor do falso ouro, despedimo-nos o número de vezes suficiente para entreter uma plateia de deuses entediada até à crueldade.
Despedir-nos para sempre foi o número circense em que nos tornámos exímios. Creio que vieram de longe, deixando um rasto de pó de estrelas, antes de se sentarem em apinhadas nuvens a ver-nos dançar tangos últimos, uns atrás dos outros.
Da última vez substituíram-nos o mar por um rio. Há qualquer coisa de definitivo nos rios que não se pressente na infinitude de um oceano único.
Veio uma noite maior do que as outras e os deuses cobriram a gaiola com um pano de seda azul e esqueceram-se de nós, aqui presos, ao som de uma milena desafinada e sem outro ofício que não seja o de nos despedirmos para sempre.
porra, pá.
ResponderEliminarPresos tão só até à próxima despedida que certamente irá fazer esquecer todas as outras.
ResponderEliminarDe esquecimento em esquecimento até à desmemória total ...
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