Nada me aborrece mais do que este pé agrilhoado ao dito mundo real, que me afasta das coisas que verdadeiramente importam.
Não vi a última lua; o meio de março apanhou-me sem a comoção de um verso; não descobri uma música nova; olhei sem ver a minha praia; não encontrei um único instante digno de ser congelado numa fotografia.
Trabalhei demasiadas horas e elas vingaram-se de mim, não deixando a sombra de registo de existência.
Dir-me-ão que há quem viva assim toda uma vida. Responderei que estão mortos.
paz à minha alma, se assim for.
ResponderEliminarparabéns pelos seis invernos.
Não. Tu escreves. Estás isenta desse mal.
EliminarE não te enganas, Cuca querida.
ResponderEliminarTemos é de ir resolver urgentemente aquela parte de não encontrar nada digno de ser fotografado.
EliminarPor muito agrilhoada que se esteja não há como falhar a lua. E hoje, posso dizer que ela já vai em adiantado quarto crescente. :)
ResponderEliminarPerdi a última, mas espero não perder a próxima. E está quase.
EliminarAlguns de nós tentam a perigosa arte do coma auto-induzido, por via da administração de substâncias que vão diluindo por sobre a vida, então mascarada de existência. A morte propriamente dita é uma (i)realidade muito mais assustadora.
ResponderEliminarSe é para administrar substâncias, que ao menos sejam das que fazem o mundo cor de rosa
Eliminarmorto me confesso.
ResponderEliminarTambém falhaste a última lua?
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