Deixei-me conduzir pela escada do estereótipo. O meu desprezo pela psicologia não tem fundamentos. Pois se é verdadeiro o axioma Borgeano segundo o qual um homem são todos os homens, tal como o relógio avariado, também a psicologia não está isenta de um momentâneo acertamento.
Subi os degraus da escada. Conduzem a um patamar com vista para um deserto infinito. Nao vos enganarei. Desimaginem cardos; camelos; a miragem de um braço de rio ou o rasto de um véu berbere. No deserto infinito há apenas areia e, alternadamente, os excessos do sol e da noite. O azul do céu não é aliviado pela passagem de nenhuma nuvem e a visão das estrelas não anestesia as feridas da boca.
Mas, se tiveres sorte, num qualquer final de tarde, sentirás sede.
E então saberás que sobreviveste.
Creio que nem Borges acreditaria em tal axioma. Não o imagino a imaginar-se a ser também Péron, por exemplo.
ResponderEliminar"Mais razoável me parece o círculo descrito por certas religiões do Indostão. Nesse círculo, que não tem princípio nem fim, cada vida é uma consequência da anterior e engendra a seguinte, mas nenhuma determina o conjunto... Doutrinada por um exercício de séculos, a república dos homens imortais tinha conseguido a perfeição da tolerância e quase do desdém. Sabia que num prazo infinito ocorrem a qualquer homem todas as coisas. Pelas suas passadas ou futuras virtudes, qualquer homem é credor de toda a bondade, mas também de toda a traição pelas suas infâmias do passado ou do futuro. Assim como nos jogos de azar as cifras pares e ímpares permitem o equilíbrio, assim também se anulam e se corrigem o engenho e a estupidez. "
Eliminar(Enfim, aquela ideia de que o homem encerra em si todas as possibilidades. Um homem é nesse sentidos todos os homens. Borges também poderia ter sido Peron)
EliminarAndamos áridas, minha querida Cuca. Hoje foi um fartar de desertos e de areias. :)
ResponderEliminarSão as águas de março.
Eliminar(Fechando o inverno)
Cuca, Carla,
ResponderEliminare que tal uma libertação pela surpresa (e não me venham com aquela merda da condenação à liberdade que eu parto já o arranjo de folhas e cenas da tarde de hoje), assim (deixem-me pensar) em aragem?
caraças, ninguém liga nada às aragens (se a EDP dos chinocas se fizesse pagar por ela, a ver se não a viam...:p) só às augas que trazem as luzes.
Credo, mulher, tanta violência! :))
EliminarGuarda lá o arranjo e acarinha-o, é coisa bonita de se ter. ;)
se é isto a violência, Carla, vivemos todos au paradis... de la merde:)
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