A nós, àqueles a quem nenhum deus agraciou com o milagre da fé divina, resta-nos pouco: uma vida que é a oportunidade definitiva e única; uma consciência em que o bem, inapto para o propósito do conforto na vida eterna, só pode ser o fim último; a desesperança da mão suave do pai global sobre as nossas cabeças perdidas.
Nós, os abandonados por todos os deuses, nós, a quem não nos aquece o calor da crença divina, só nos temos uns aos outros.
A verdadeira irmandade é aquela que é composta pelos órfãos de deus.
É por isso que a fé na humanidade nos é tão cara. É a única a que podemos aspirar. E se a perdermos, não nos sobra mais nada que nos una à espécie que nos calhou em sorte.
Ultimamente, a cada serviço noticiário, as pessoas parecem-me mais feias.
Não vejo noticiários, sou ateia e não poderia discordar mais do que aqui escreveste, Cuca. O meu ateísmo jamais me impediu de comungar com crentes (não interessa o seu credo), mas também nunca me impediu de afastar de "iguais".
ResponderEliminarPor outro lado, é provavelmente isto o que estarás a afirmar.
É.
Eliminar:)
Só acho que quem não é crente tem maior necessidade de acreditar na humanidade.
Os uns aos outros são todas as pessoas.
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ResponderEliminar«Nós, os abandonados por todos os deuses, nós, a quem não nos aquece o calor da crença divina, só nos temos uns aos outros.
A verdadeira irmandade é aquela que é composta pelos órfãos de deus.
É por isso que a fé na humanidade nos é tão cara. É a única a que podemos aspirar.»
Questão de estética... o ateu, ou não crente, apenas se isola, tipo ponta de lança num lance de jogo de futebol, na não-relação com Deus. Ou porque não quer saber, ou porque ignora.
E, para melhor, estamos sempre cá todos.
Não é propriamente uma escolha...
EliminarPara Herr Diogo é, sim, uma escolha, assim tipo imposta, que os ateus são todos uma cambada insensível, desapegada de tudo & todos, a bandalheira total, quiçá o fim do mundo!
EliminarCaray, só por ter ali o «ou» já significa 'escolha'? Por ter feito a analogia ao ponta de lança? Foi isso que eu percebi das vossas leituras?
EliminarNão sei onde vocês leram a 'escolha'.
A mim, o meu «ou» parece mais uma afirmação segura; quanto à analogia, é uma constatação.
G., eu trato bem os ateus, está?
Isolar-se numa não-relação com deus, soa a escolha. Assim do género como se os ateus se tivessem divorciado. E uma não relação pressupõe a admissão da existência de alguém com quem não se mantém uma relação.
Eliminarnão estou com paciência para abrir o caderno da lógica. e também é infrutífero...
ResponderEliminarportanto, temos uma Nietzschiana que também pensa que o 'homem nasce ateu'...? ah ah ah.
oh, well, metam as culpas no Platão, na degenerescência da cultura, nos «monstros» mitológicos, nos complexos sexuais, etc.
Não sei como são as outras pessoas. Eu nasci ateia.
EliminarFoi? :0
Eliminar'Tadita. :)
(O post era a propósito da necessidade de acreditar na humanidade e disto:
Eliminarhttp://universosdesfeitos-insonia.blogspot.pt/2016/03/mae-que-e-mae.html?m=1 )
ahm, tudo bem.
EliminarNós, os crentes em algo superior, chamemos-lhe Deus, achamos que Ele está cada vez mais triste com as nossas escolhas.
ResponderEliminarA parte boa é que se Ele não desiste da humanidade, não podemos ser nós a desistir e descrer.
tenho uma amiga muito crente que em tempos me disse, ao saber que era ateu, que admirava a minha coragem... na altura acho que nã compreendi o que ela queria dizer, mas faz sentido se na ausência de um deus, a nossa fé for depositada na humanidade...
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