Numa sala mergulhada na penumbra e indiferente às oscilações dos dias, estações e anos, jogaram um xadrez eterno. Sobre a mesa de mármore já gasta, em gestos lentos mas aparentemente decididos, foram sacrificando rainhas e bispos. Conheciam de cor os movimentos um do outro e há muito que nenhum jogava o seu jogo. Bastava-lhes impedir que o adversário avançasse sobre o tabuleiro. Ambos sabiam que a vitória era impossível porque o jogo concretizava-se na eternidade.
Cada um ganhava e perdia na exata medida em que mantinha o outro na alienação de uma sala mergulhada na penumbra e indiferente às oscilações dos dias, estações e anos.
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