Esta sala é um espaço de não existência. A televisão ao fundo vai-nos lembrando que o mundo existe, mas a lembrança é uma sombra triste que alastra ao ritmo das vozes entusiasmadas de um daqueles programas da manhã. Ficaríamos todos aliviados se a desligassem.
Há uma janela para a rua através da qual se vê uma esplanada em hora de ponta de cafés e pasteis de nata servidos a um euro e quarenta e cinco cêntimos. Uma mulher espreita pela janela e observa-se-lhe uma expressão invejosa dos clientes da esplanada, lá fora, sentados numa existência. Reparo que tem uns sapatos da marca de outros que comprei e a expressão in her shoes atinge-me num ponto desconhecido entre o estômago e as costelas.
Perdi a conta ao tempo que gastei aqui sentada. Dizem-me que apenas passaram dez minutos, mas a minha clepsidra avariada garante-me que foram dez anos.
Tenho um euro e quarenta e cinco cêntimos na carteira. Não os consigo gastar sentada nesta sala.
Cara Cuca, a Pirata,
ResponderEliminarO meu pior pesadelo é estar sentado numa sala de espera. Eu nem tenho noção de estar muito ou pouco tempo. Como se tudo parasse e, depois, me espantasse que o dia tivesse acontecido.
O seu último parágrafo é... mesmo!
Um beijo,
Outro Ente.
As salas de espera são coisas horríveis, independentemente daquilo por que se espere.
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ResponderEliminarSeria bom ter uma sala de avanços - um sítio para onde se vai para acabar com a espera, seja do que for. Seria entrar e acontecer, assim que a porta fechasse, sendo que a porta demoraria a fechar o tempo que precisássemos, depois de a abrirmos, para que a transição da espera para o acontecimento não nos fulminasse.
ResponderEliminarQuerido Mak, se tu mandasses o mundo seria muito menos hostil.
Eliminar:)