1964
I
Já não partilharás a clara lua
Nem os lentos jardins. Já não há uma
Lua que não reflicta algum passado,
Cristal de solidão, sol de agonias.
Adeus às mútuas mãos, adeus às fontes
Cercadas pelo amor. Hoje só contas
Com a memória nos desertos dias.
Ninguém perde (repetes futilmente)
Senão o que não tem e não vai tendo
Nunca; porém, não basta ser valente
Para a arte aprender do esquecimento.
Um símbolo, uma rosa é o que te agarram
E pode-te matar uma guitarra.
II
(...)
Jorge Luis Borges, Obras Completas, II
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