quarta-feira, 8 de junho de 2016

Do alheamento

O mundo enlouquece devagarinho, no limite da dimensão intangível em que decidi abandoná-lo quando fiz uma fogueira no meio da sala, queimei os livros técnicos que acumulava e vim para Pirata. 
A última vez que vi um noticiário na televisão, foi numa língua que não entendo e apenas porque me avisaram que a guerra tinha chegado às fronteiras do país onde eu estava. Há quatro anos que não compro um jornal e outros tantos que não leio nenhum. Em regra, também não abro os links para as notícias que se espalham pelas redes sociais. Quando o faço arrependo-me sempre. 
Talvez o mundo não esteja mais demente do que sempre foi e a diferença se fique apenas na facilidade com que se espalham as notícias da sua loucura. 
Não tenho nenhum orgulho no meu alheamento. É fundado no mais profundo egoísmo. 
Também não tenho qualquer intenção de revertê-lo. 
Gosto muito de ser egoísta. 

9 comentários:

  1. de uma ermita em construção para uma Pirata dos sete mares: entendo-te tão bem...

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    1. Também considerei a eremitagem. Porém, é uma atividade menos lucrativa do que a pirataria. E lá está ... gosto que me lavem os cabelos. Seria um problema sendo eremita.

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    2. (Com as minhas desculpas à Cuca. Flor, sou mesmo uma cabeça de vento! Só há pouco descobri que és a G e a Costureira! Gostar de ler alguém em todas as versões é mesmo bom!)

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    3. (eu sei lá quem é que sou, doce Maria. um abraço forte, é bom saber-te.)

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  2. Obrigo-me a informar-me. Não sei ser de outra forma. Às vezes não é bom.

    Beijos, Cuca :)

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  3. já disparei uma espingarda em livros técnicos... depois contávamos as folhas...

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    1. Não me lembrei disso da espingarda. É muito mais romântico!

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  4. Durante uns anos, há uns anos, não percebia o motivo de me encararem como se fosse uma extra-terrestre só porque não tinha televisão. Nem percebia que falta aquilo poderia fazer.

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