A despeito da minha indiferença pelo fenómeno, foi durante um jogo de futebol que vivi os três minutos mais instrutivos da minha vida.
Foi há muito tempo, noutro Europeu e num outro porto do Atlântico .
Quando a equipa nacional marcou um golo, penso que nem sequer cheguei a saber contra quem, levantámo-nos ao mesmo tempo que toda a cidade para o comemorar. Então, uma qualquer força ignota derrubou os diques que construí com tanto método e, sem que nada o pudesse prever, travar ou justificar, encontrámo-nos nos braços um do outro e o meu corpo ficou colado ao dele durante muito mais tempo do que aquele que corresponde a um abraço de comemoração de um golo, um festejo entusiasmado, uma alegria partilhada. Três inteiros, completos minutos. Disse-me um dia quem na altura cronometrou. E foi como se, naquele abraço, não apenas o meu peito e os meus ombros e as minhas mãos e a minha pele, mas o próprio cosmos se tivesse encaixado. E já todas as pessoas haviam regressado aos seus lugares e já a bola rolava num relvado qualquer e já o contador marcava um tempo, quando os nossos cérebros nos devolveram à praça e a uma plateia de atenções divididas entre o ecrã gigante e aquele indecoroso abraço.
E foi assim que todos, nós e a cidade, em simultâneo e em partes iguais, descobrimos o amor e o pecado.
acho que vou ao próximo jogo da selecção. essa parte do cosmos fez-me inveja...
ResponderEliminarNão te metas nisso...
EliminarO saldo é largamente negativo.
Pequenas "distrações" que se tornam fatais...
ResponderEliminarLá está. Fatalidades, mesmo.
Eliminar:))
Mas que golo tão bom, Cuca...
ResponderEliminarFoi uma espécie de panalti...
EliminarE nesse tempo chamavas-te Eva, verdade?... ;)
ResponderEliminarEsse apego à factologia...
Eliminar:))
és tu que me dás esperanças na humanidade :)
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