E quem visse o desapego, um abraço moderado entre os três e os quatro segundos, um último olhar dentro dos olhos, a expressão alienada de quem já está noutro destino, o silêncio do pragmatismo, o ligeiro aceno de cabeça que importei de Hollywood, nenhuma auréola vermelha em redor dos olhos secos, dez passos firmes na direção oposta, o pescoço obediente que não se voltou, e quem visse o desapego, dizia, nada suspeitaria sobre a convulsão engolida, os batimentos do coração a desfazerem os tímpanos, a falta de um chão sob os pés, a vertigem súbita da saudade. A violência de tudo aquilo que é definitivo.
Para não estar ali, por não suportar estar ali, por não querer que ele me visse ali, fiquei a observar-me de cima, isenta, orgulhosa, quase, da anulação desse último resto de humano que há na indignidade de uma despedida.
Essas despedidas NUNCA se aprendem...
ResponderEliminarBoa noite, Cuca :)
Isso quer dizer que não há esperança para a perfeição?
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