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Quando, portanto, te parecer que estás a jeito dos remédios da minha arte,
faz por seguir os meus preceitos e fugir, desde logo, do ócio;
é ele que te leva ao amor; é ele que, depois de te levar, por lá te retém,
é ele a causa e o alimento de tão prazenteiro mal.
Se afastares o ócio, fracassam as setas de Cupido
e jazem por terra, desprezadas, como tochas sem lume.
Como o plátano gosta de vinho, o choupo de água
e como o canavial dos pântanos de terra encharcada,
assim gosta vénus do ócio. Tu, que buscas pôr fim a um amor,
o amor cede à ação; faz alguma coisa; andarás seguro.
Moleza e sono a mais, sem que ninguém o atrapalhe
e jogo e tempo desbaratado em muito vinho
não golpeiam a alma, mas levam a força toda;
achega-se aos incautos o amor, traiçoeiro;
da modorra é que o menino costuma ser companhia, ele odeia quem se mexe;
à cabeça desocupada, olha: dá-lhe uma tarefa a que se agarre.
Remédios contra o amor, Ovídio, Cotovia
Como remédio, diria que pertence à categoria dos homeopatas. Ademais, há um certo charlatanismo em 40 páginas de prefácio e 7 de notas contra 33 de puro Ovídio.
Mas é Ovídio a escrever contra o amor; a referir-se ao puto reguila como "o menino"; a prometer-nos que aprenderemos a curar-nos com quem aprendemos a amar.
Em suma, é um livro dos bonitos.
Devo lê-lo em 2016 ou nem por isso? :)
ResponderEliminarDeves! É o mínimo, já que és a responsável por ter o ler comprado!! :) :)
EliminarAliás, deves ler sem esperar por 2016. Ovídio explica lá no livrinho que a melhor fase para assassinar o amor é quanto antes. Não há que esperar.
EliminarAndo a tratar disso, mesmo sem ter lido o livro...
EliminarTem em xarope? levo 5 frascos...
ResponderEliminar(sobre literatura, posso dizer que também tenho um livro da cotovia, mas do Kingsley Amis, gosto disto aqui.)
Xarope é para um amorito. Se a coisa for pesada, ouvi dizer, tem de ser a modalidade intravenosa!
Eliminar:)
odeio agulhas... seja!
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