domingo, 27 de dezembro de 2015

AQUI

Aqui estamos na laguna
em uníssono 
escondidos e escuros.
Aqui na esplanada 
e os pombos invejam 
o modo como respiras.
Aqui na Quinta Avenida
e tu dizes que os sacos 
valem mais do que as compras.
Aqui competimos 
com a neve
para ver quem acorda o outro.
Aqui fechei os olhos.
Aqui magoaste um pé.
Aqui libertámos 
os Campos Elísios.
Aqui tentámos em casa aquele vermelho 
que vimos no museu.
Aqui nadaste de costas.
Aqui parámos na berma.

Aqui é Lisboa,
estou sentado no chão 
com fotos nossas,
e todos me garantem 
que não tirámos nenhuma.

Pedro Mexia, in, uma vez que tudo se perdeu, Tinta da China, pg. 35.

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