quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Moby Dick

"Entre quarenta e sessenta litros de sangue são lançados na corrente circulatória, com grande velocidade, por cada batimento do coração."

Relatório da Dissecação de uma Baleia, por John Hunter, citado em Moby Dick, Herman Melville, Relógio D' Água.


É demais para um simples livro, dele esperar que nos salve. Qualquer escritor honesto vos diria que não foi para isso que escreveu. Tão pouco para se salvar a si próprio. E se acaso o milagre se der, mais não será do que uma irrepetível coincidência.
Durante um número de noites que me foram infinitas, adormeci com a versão áudio livro, em inglês, da baleia de Melville. Na noite seguinte recomeçava no ponto em que tivesse adormecido, para o desligar poucas horas antes de me levantar. 
O propósito nunca foi o de ler o livro.
Quando o globo se desencaixa da esfera armilar e fica a girar imparável no vácuo e crês que já nada poderás controlar, podes ainda dominar os teus próprios pensamentos. É o último reduto da liberdade dos homens. Às vezes, esquecemo-nos de usar esse poder.
Lá pelo final da história, nessas infinitas noites em que fui Ahab, o louco, acabei por caçar a minha própria baleia branca. Ao contrário de Ahab, sobrevivi-lhe. 

Mil e uma silenciosas noites volvidas, devo ao livro o simples ato de o ler. Do princípio até ao fim. Na língua que é a do meu coração e sem segundas intenções. 

2 comentários:

  1. desejo-te boa leitura, como quem deseja boa viagem... esgotei por estes lados as páginas, Stanislaw tornou-se aborrecido... :)

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