Ao Rui Costa
(1972-2012)
É apenas o vento sueste,
a dizer-me que não vieste
e que já nada há aqui que mexa.
Não és tu no eco de certa voz.
É outra declinação do meu nome,
a soar-me ao teu silêncio atroz
preso à eternidade que dorme.
E também não és tu na fotografia
Impressa nas páginas mais tristes
que ao mundo, esvaziado, anuncia
o erguer da manhã onde inexistes.
Poderá ainda haver um gesto teu
na papoila que se balança lenta
ao ritmo das notas da lira de Orfeu
E o fracasso de Eurídice lamenta.
(Tentei recuperar-te nos escuros confins do Hades,
mas falhando todas as notas e olhares perdi-te tardes)
Ou serás tu no verso de um poema azul,
tecendo a inocência mágica das estrelas,
ou rosa-dos-ventos desorientada a Sul,
desenhando o inverso cego das letras.
ou rosa-dos-ventos desorientada a Sul,
desenhando o inverso cego das letras.
Mas serás tu, por certo,
no mais digno vértice da minha inquietação,
Onde semeaste a planície de liberdade
que deixaste como penhor da saudade,
E serás, por fim, nesta desastrada canção.
Uma canção que de desastrada não tem nada. Tão bonita, tão tua.
ResponderEliminarFicaria perfeita acompanhada por uma certa viola (ou guitarra :).
um beijo, querida Cuca
Bela canção, Cuca.
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