Incurável é o reflexo da tua voz na minha pele
Os dedos dos pés encolhidos de encontro ao chão
O pulsar do veneno dentro das veias abertas
A boca que morde para distrair a dor.
Incurável é a perversão das leis dos homens
A presença constante na ausência permanente
A tua mão de gigante nas minhas costas vazias
Um espaço que não existe por onde corre uma vida inteira.
Incurável é o apego. A sede. A seiva.
A memória e a saudade.
A ferida em carne viva.
O emplastro em alma morta.
A respiração pesada que me vela o sono.
O desenlace das mãos naqueles segundos que precedem o acordar.
Incurável é pertencer-te.
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