domingo, 29 de março de 2015

Atavismos

Às vezes penso que a angústia do domingo é uma daquelas coisas que se transmitem nos genes por milénios e milénios, como o medo do fogo e a necessidade de acreditar num deus. De tão intrincada, suspeito mesmo que seja anterior ao conceito "dia útil". A minha é tão poderosa que consegue ser completamente indiferente ao facto de estar de férias. E é também pontual. Faça chuva ou faça sol, esteja eu a fazer o que estiver, apresenta-se-me todas as semanas às cinco da tarde. 

4 comentários:

  1. Fui ver no Burton (Anatomy of Melancholy) e ele não se refere especificamente ao domingo. Quero acreditar que se deve a grosseira omissão do cronista das melancolias e não ao facto de o mal de domingo ser uma epidemia, que se tem vindo a espalhar nestes séculos mais recentes, sem que se conheçam as causas e de consequências ainda não completamente determinadas. Sem cura à vista, portanto.

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    1. Tem a certeza? E o Burton é de confiança? Não será melhor vermos o que diz a literatura romântica sobre o assunto? Ou talvez no Herodoto.. Sei lá! Tenho um, posso ir lá procurar.

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    2. Se é de confiança? O livro dele, opus magnum alias, publicado em 1621, com o ponderoso título "The Anatomy of Melancholy, What it is: With all the Kinds, Causes, Symptomes, Prognostickes, and Several Cures of it. In Three Maine Partitions with their several Sections, Members, and Subsections. Philosophically, Medicinally, Historically, Opened and Cut Up" está acima de toda a suspeita -- de cariz científico ou filosófico!

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    3. Mas acha que incluiu os gregos e os egípcios? O meu feeling diz-me que os gregos já sofriam de sunday blues.

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