sábado, 14 de fevereiro de 2015

Quota disponível


Às vezes penso que deve haver um limite de palavras. Como se cada um de nós nascesse sob o signo de uma quota disponível de poesia, fixada à nascença por uma madrinha boa que se aproxima do berço e nos sopra ao ouvido.
Às vezes penso que a minha quota disponível pode bem estar a aproximar-se do fim. 

8 comentários:

  1. Espero, sinceramente, que isso não seja a sério.
    Gosto muito de te ler, Cuca.

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  2. Pfffffff. Estes publicitários são uns exagerados! :P

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  3. A quotas valorizadas, podem ser renovadas .
    E depois há quem tenha quotas para a troca. Eu por exemplo, tenho para aqui uma quantidade de palavras que não tenho o contão de transcrever em bom contexto e ofereço-lhe em troca de mais posts, muitos posts. :)

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  4. Respostas
    1. Prefiro que continue a transcrever essas palavras. E que tão bem as transcreve :)

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  5. Hoje, deparei-me com este poema e lembrei-me do teu post.

    Com Palavras
    Com palavras me ergo em cada dia!
    Com palavras lavo, nas manhãs, o rosto
    e saio para a rua.
    Com palavras - inaudíveis - grito
    para rasgar os risos que nos cercam.
    Ah!, de palavras estamos todos cheios.
    Possuímos arquivos, sabemo-las de cor
    em quatro ou cinco línguas.
    Tomamo-las à noite em comprimidos
    para dormir o cansaço.
    As palavras embrulham-se na língua.
    As mais puras transformam-se, violáceas,
    roxas de silêncio. De que servem
    asfixiadas em saliva, prisioneiras?
    Possuímos, das palavras, as mais belas;
    as que seivam o amor, a liberdade...
    Engulo-as perguntando-me se um dia
    as poderei navegar; se alguma vez
    dilatarei o pulmão que as encerra.
    Atravessa-nos um rio de palavras:
    Com elas eu me deito, me levanto,
    e faltam-me palavras para contar...

    Egito Gonçalves, in 'Antologia Poética'

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