Às vezes penso que deve haver um limite de palavras. Como se cada um de nós nascesse sob o signo de uma quota disponível de poesia, fixada à nascença por uma madrinha boa que se aproxima do berço e nos sopra ao ouvido.
Às vezes penso que a minha quota disponível pode bem estar a aproximar-se do fim.
Espero, sinceramente, que isso não seja a sério.
ResponderEliminarGosto muito de te ler, Cuca.
Pfffffff. Estes publicitários são uns exagerados! :P
ResponderEliminarNada de tão dramático :)
ResponderEliminarA quotas valorizadas, podem ser renovadas .
ResponderEliminarE depois há quem tenha quotas para a troca. Eu por exemplo, tenho para aqui uma quantidade de palavras que não tenho o contão de transcrever em bom contexto e ofereço-lhe em troca de mais posts, muitos posts. :)
*condão
ResponderEliminarPrefiro que continue a transcrever essas palavras. E que tão bem as transcreve :)
EliminarHoje, deparei-me com este poema e lembrei-me do teu post.
ResponderEliminarCom Palavras
Com palavras me ergo em cada dia!
Com palavras lavo, nas manhãs, o rosto
e saio para a rua.
Com palavras - inaudíveis - grito
para rasgar os risos que nos cercam.
Ah!, de palavras estamos todos cheios.
Possuímos arquivos, sabemo-las de cor
em quatro ou cinco línguas.
Tomamo-las à noite em comprimidos
para dormir o cansaço.
As palavras embrulham-se na língua.
As mais puras transformam-se, violáceas,
roxas de silêncio. De que servem
asfixiadas em saliva, prisioneiras?
Possuímos, das palavras, as mais belas;
as que seivam o amor, a liberdade...
Engulo-as perguntando-me se um dia
as poderei navegar; se alguma vez
dilatarei o pulmão que as encerra.
Atravessa-nos um rio de palavras:
Com elas eu me deito, me levanto,
e faltam-me palavras para contar...
Egito Gonçalves, in 'Antologia Poética'
Que poema magnífico, Maria.
EliminarObrigada.