A avidez do nada que tens para me dar,
Faz-me ficar à espera que tires dos bolsos o mundo.
Uma caixa de fósforos, um botão de camisa, uma casca de noz,
A ponta de uma fotografia rasgada dos dias da tua infância.
Expostos um a um, no tampo da mesa de madeira riscada,
Onde alguém poderia ter gravado um coração com a chave do carro,
Apenas para melhor conforto do espectador.
Mas os instantes perdem-se aquém da perfeição.
E de bolsos despidos, apenas os nossos dedos,
De mendigo,
A tatear o vazio ou a esboçar no ar o gesto de um poema.
Incompleto.
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