"O tolo é um amante sempre contente e tranqüilo. Tem tão robusta confiança nos seus predicados, que antes de ter provas, já mostra a certeza de ser amado. E assim deve ser. Em sua opinião faz uma grande honra à mulher a quem dedica os seus eflúvios. Não lhe deve felicidade; ele é que lha dá; e como tudo o leva a exagerar o benefício, não lhe vem à idéia de que se possa ter para com ele ingratidões. Assim, no meio das alegrias do amor, saboreia ainda a embriaguez da fatuidade. Mas como, em definitivo, é ele próprio o objeto de seu culto, depressa o tolo se aborrece, e como o amor para ele não é mais que um entretenimento que passa, os últimos favores, longe de o engrandecerem mais, desligam-no pela sociedade."
Machado de Assis, in "Queda que as Mulheres Têm para os Tolos"
Ah, mas as mulheres começam a ter cada vez mais queda para os amantes intranquilos! Se isso é bom para elas? Sei lá!
ResponderEliminarBoa noite, Cuca! :)
Bom domingo, Maria.
Eliminar(Será o fim do reinado dos tolos, nesse caso :))
Sou de opinião que a capacidade de amar não tem qualquer correlação com o grau de inteligência. Penso que esta capacidade depende muito mais da quantidade de amor que se recebeu na infância, por exemplo (não discuto a qualidade, amor é amor). Quem nunca foi amado, saberá amar?
ResponderEliminarTema interessante, Cuca, dava para um blogue inteiro, não dava?
Dava mesmo.
EliminarNão será tanto pela capacidade de amor, mas pela intensidade e pela consistência. Se a inteligência condiciona a empatia e a noção do outro, seria estranho que isso não se refletisse na qualidade dos sententos.
Temos aqui o simétrico de "os problemas das mulheres", de D. Pipoco?
ResponderEliminarMas que excelente ideia.
Eliminar*queda para os tolos*? Escrito por homem. Fosse mulher depreenderia ofensa.
ResponderEliminarO conto é meio misógino, sim senhor. Desculpa-se-lhe pela época...
EliminarVou ler o conto, mas assim de repente soa-me já a justificação da "cantiga do malandro". Obrg pela dica de leitura!
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