Um tango dançado por entre o fumo e os olhares hostis de homens de chapéus negros e mulheres enfolhadas até aos tornozelos num florido nauseante.
É a memória que lhe guardo.
Não mais do que esse abraço de dança trágica em que o desejo e a raiva são as duas faces da mesma moeda de prata que há de rolar no chão de madeira gasto, depois do silêncio que se segue à última nota do acordeão.
A rosa manchada pelo sangue de um peito aberto num único golpe de lâmina, desfeita na confusão dos corpos e dos passos.
E a noite mais longa de todas, com o frio a soprar vindo de dentro, a morte embrulhada em perfume ardente e uma ausência nas veias.
Enquanto esperávamos que a moeda se quedasse para nela conhecermos o rosto daquele a quem, de entre os dois, o destino fez assassino.
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