púrpura, azuis cinza
amarelos de reluzir olhos
raios nalguns fios do meu cabelo que transparecem num ar de riso
passei a tarde inteira no canto de um sofá
só para mim
podia esticar as patas à larga mas deixei-me ficar a um canto
um, dois ou três sonos
perdi a conta
e o rio começa a ganhar cor de coisa profunda, o vento que se levanta vai marcando cada vez com mais intensidade as suas ondas pequeninas
usa um crayon preto de pintar os olhos
os azulejos coloridos lá em baixo dão lugar às luzinhas que vão diamantar a noite
os montes ao longe
ganham a névoa de fim de tarde
a bruma das bruxas do Tejo
que se vestem de fadista e gemem pelos becos cheirando os cachaços dos homens
ganham a névoa de fim de tarde
a bruma das bruxas do Tejo
que se vestem de fadista e gemem pelos becos cheirando os cachaços dos homens
já quase só claridade
e um arrepio fininho
é o tempo das nuvens cor-de-rosa, que imitam a ponte falhando no tom
arquear a espinha
cravar as unhas no estofado alheio um par de vezes
enfado
é já escorrer pelas escadas abaixo
cravar as unhas no estofado alheio um par de vezes
enfado
é já escorrer pelas escadas abaixo
muito mais tarde, fui tentar apanhar as luzinhas que bailavam nas paredes de uma loja no bairro, que o meu sonho era ter uma bola de espelhos só minha. para brincar
tão lindo, tão lindo que quase - e note-se o quase - me deixa saudades.
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