Compraz-me saber que com paciência e humildade é possível civilizar as pessoas.
Desde que eu cheguei, a vil…er… aldei…er… povoaç…, digo, estas vinte criaturas de deus, estão a ficar muito mais urbanas.
A frequência com enfiam a cabeça dentro das minhas janelas para ver o que se passa aqui dentro tem diminuído diariamente. Também começo a deixar de ver mulheres na rua com rolos na cabeça e meias de malha por cima dos collants.
O primeiro sinal de progresso ficou a dever-se ao meu senhorio. Depois do ataque de histeria que tive no dia em que acordei da minha sesta no sofá com uns olhos vesgos a velarem-me o sono, ele interveio em minha defesa e informou-os que se me for embora por me sentir acossada lhes vai passar a extorquir a eles o dinheiro da renda.
O segundo é fruto de uma agressiva estratégia que consistiu em passar a olhá-las de alto a baixo com o sobrolho direito erguido, cada vez que as encontro por aí nessas figuras inestéticas.
Hoje, no café da praça, digo praceta, digo aqueles dois bancos onde os velhos jogam à bisca, havia pessoas a tomar o pequeno-almoço fora de casa enquanto liam o jornal. Claro que o pequeno-almoço era aguardente, o jornal era o correio da manhã e a leitura era a secção dos anúncios eróticos. Ainda assim, encorajada pelo potencial que detectei, perdi o amor a dez euros e fiz de conta que me esqueci da minha Vanity Fair em cima da mesa. Para ver se os vicio. Tenho esperança que daqui a um mês nos possamos reunir todos na minha sala para discutir, preferencialmente em inglês, a política externa dos Estados Unidos da América relativamente à Líbia.
O maior progresso em matéria civilizacional foi aquele que tive oportunidade de observar da minha janela há apenas meia hora: um táxi. Ainda pensei que fosse uma miragem mas depois aproximei-me, toquei-lhe e constatei que, desta vez, não se tratou de uma armadilha do meu cérebro.
Foi o primeiro táxi que vi desde a minha chegada.
Infelizmente, a pessoa urbana e civilizada que se desloca de táxi não faz parte do meu povo. Vieram três almas aqui a casa informar-me que a utente é uma senhora que veio ao bailarico do “centro cultural” (Não se deixem enganar pela megalomania dos autarcas nacionais. Já basta a triste figura que fiz quando lá fui perguntar se tinham exposições de pintura).
Com grande pena minha, uma certa timidez natural aliada à incompletude do meu processo de inserção social, ainda não me permite aceitar convites para a matinée e passar a tarde de Domingo a dançar lambada com os velhos da bisca.
Mas para a semana cá estaremos…
p.s. A partir de agora retomo a minha normal emissão de posts carregados de dor de corno e lmito-me a fazer-vos um relatório semanal sobre a mnha nova terra.
Desde que eu cheguei, a vil…er… aldei…er… povoaç…, digo, estas vinte criaturas de deus, estão a ficar muito mais urbanas.
A frequência com enfiam a cabeça dentro das minhas janelas para ver o que se passa aqui dentro tem diminuído diariamente. Também começo a deixar de ver mulheres na rua com rolos na cabeça e meias de malha por cima dos collants.
O primeiro sinal de progresso ficou a dever-se ao meu senhorio. Depois do ataque de histeria que tive no dia em que acordei da minha sesta no sofá com uns olhos vesgos a velarem-me o sono, ele interveio em minha defesa e informou-os que se me for embora por me sentir acossada lhes vai passar a extorquir a eles o dinheiro da renda.
O segundo é fruto de uma agressiva estratégia que consistiu em passar a olhá-las de alto a baixo com o sobrolho direito erguido, cada vez que as encontro por aí nessas figuras inestéticas.
Hoje, no café da praça, digo praceta, digo aqueles dois bancos onde os velhos jogam à bisca, havia pessoas a tomar o pequeno-almoço fora de casa enquanto liam o jornal. Claro que o pequeno-almoço era aguardente, o jornal era o correio da manhã e a leitura era a secção dos anúncios eróticos. Ainda assim, encorajada pelo potencial que detectei, perdi o amor a dez euros e fiz de conta que me esqueci da minha Vanity Fair em cima da mesa. Para ver se os vicio. Tenho esperança que daqui a um mês nos possamos reunir todos na minha sala para discutir, preferencialmente em inglês, a política externa dos Estados Unidos da América relativamente à Líbia.
O maior progresso em matéria civilizacional foi aquele que tive oportunidade de observar da minha janela há apenas meia hora: um táxi. Ainda pensei que fosse uma miragem mas depois aproximei-me, toquei-lhe e constatei que, desta vez, não se tratou de uma armadilha do meu cérebro.
Foi o primeiro táxi que vi desde a minha chegada.
Infelizmente, a pessoa urbana e civilizada que se desloca de táxi não faz parte do meu povo. Vieram três almas aqui a casa informar-me que a utente é uma senhora que veio ao bailarico do “centro cultural” (Não se deixem enganar pela megalomania dos autarcas nacionais. Já basta a triste figura que fiz quando lá fui perguntar se tinham exposições de pintura).
Com grande pena minha, uma certa timidez natural aliada à incompletude do meu processo de inserção social, ainda não me permite aceitar convites para a matinée e passar a tarde de Domingo a dançar lambada com os velhos da bisca.
Mas para a semana cá estaremos…
p.s. A partir de agora retomo a minha normal emissão de posts carregados de dor de corno e lmito-me a fazer-vos um relatório semanal sobre a mnha nova terra.
Adorei!!! Ficamos à espera de mais relatos. Vida nova é sempre bom.
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