domingo, 6 de março de 2011

24 hours to go

As partidas indesejadas carregam uma nostalgia insuportável.
Especialmente desagradável é o espaço de tempo que fica entre o momento em que ainda não se partiu e aquele em que também já não se está aqui.
Sempre que antecipo este tipo de cenários escondo-os por trás de uma agenda que tenha a virtualidade de ocupar esse miserável espaço de tempo, fazendo-o correr, o mais possível, à margem da minha consciência.
Desta vez, a falta de adequada planificação aliada à coincidência deste período com as férias de Carnaval das pessoas normais, deixou-me sem rigorosamente nada para fazer. E embora fosse de supor que não ter nada para fazer assumisse a encarnação de um imerecido idílio, a verdade é que, nestas circunstâncias, transformou-se um pequeno inferno.
A agonia de assistir desanestesiada ao esvair da areia da detestável ampulheta omnipresente no meu pensamento é de tal forma violenta que já começo a considerar a possibilidade de me ir embora antes daquilo que é indispensável apenas para me esquivar a este tempo intermédio.
Para piorar a situação, constato que ainda não aprendi a fazer malas e que continuo a compensar essa falta de jeito com o hábito de levar comigo tudo quanto me pertence.

1 comentário:

  1. Se o teu rumo te trouxer para norte, estaremos de braços abertos à tua espera (e devidamente acompanhadas de voluntários para carregar com as malas).

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