Já livre da memória e da esperança,
quase futuro, ilimitado, abstracto,
não é um morto, o morto: ele é a morte.
Como esse Deus dos místicos,
de Quem devem negar-se os predicados,
o morto ubiquamente alheio
é só a perdição e ausência do mundo.
Roubamos-lhe tudo,
não lhe deixamos uma cor nem uma sílaba:
é este o pátio que os seus olhos já não partilham
e aquele o passeio onde perscrutou a sua esperança.
Até o que pensamos poderia ele pensar;
repartimos por nós como ladrões
todo o caudal das noites e dos dias.
Jorge Luis Borges, Fervor de Buenos Aires, Obras Completas, I, Teorema.
ainda nã li... menos um ponto!
ResponderEliminarNesse caso, toma lá:
ResponderEliminarhttps://m.youtube.com/watch?v=SFqIpPIG9A0
(Para castigo!)