Se o ouvido por mim não der,
No peito me faço ouvir;
Formas várias assumindo
Exerço um poder tremendo.
Nos caminhos, sobre os mares,
Companheira de terrores,
Nunca querida, sempre achada, sou temida e detestada.
(...)
Aquele em quem eu me afundo,
De nada lhe serve o mundo;
Vive em treva permanente,
Sem aurora nem poente,
Por fora normal parece,
Dentro dele tudo escurece,
Os maiores tesouros que há,
Frio, ele os desprezará.
Cisma em sorte ou desventura,
Morre à míngua na fartura;
Coisa má ou alegria
Fica sempre para outro dia;
Só no futuro a pensar,
Nunca nada há-de acabar.
Fausto, Goethe, Relógio D'Água
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