quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Adotar um deus

Se a tua voz no fundo da sala me  amordaçasse ao silêncio, se o teu perfume se impusesse na omnipresença dos dias, se uma pequena falha entre o terceiro e o quarto dente se tornasse subitamente notável, se as imperfeições que te tornam gente se sentassem à mesa comigo e se alimentassem de comida pré cozinhada, seria possível acender a fogueira do desprezo e varrer as frias cinzas da véspera. Como assim não é, empresto-te a dignidade do bronze, a altivez da estátua grega, a grandeza de um Aquiles de calcanhar remendado pela agulha da complacência. 
Não há nesta mitologia contratada nada de condenável. 
São muitos aqueles que jurariam que um deus lhes faz mais falta do que um amante.

4 comentários:

  1. Diz Carlyle: «To me there is something very touching in this primeval figure of Heroism; in such artless, helpless, but hearty entire reception of a Hero by his fellow-men. Never so helpless in shape, it is the noblest of feelings, and a feeling in some shape or other perennial as man himself. If I could show in any measure, what I feel deeply for a long time now, That it is the vital element of manhood, the soul of man's history here in our world,—it would be the chief use of this discoursing at present. We do not now call our great men Gods, nor admire without limit; ah no, with limit enough! But if we have no great men, or do not admire at all,—that were a still worse case.» Lá está: o venerável Thomas acenaria gravemente com a cabeça em concordância com a coda do texto.

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  2. sem alternativa... espero que gostes https://www.youtube.com/watch?v=ZHNbmMaBcsg

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    1. Com a vantagem de ganhar uma coisa nova já que não a conhecia.
      Adorei, senhor Mau-Tempo.

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