domingo, 4 de janeiro de 2015

Morrer de tédio

Fazemos todo o tipo de ruído possível para silenciarmos o silvo permanente do tédio. Quando tudo o resto se cala, até o silêncio bom, lá está ele sentado à espera, como o esqueleto do nosso rosto devolvido por um espelho terrível. O reverso da vida.
O motor da humanidade não é o amor ou o poder, eles próprios, meros jogos que os homens inventaram para dissolverem o sabor do tédio na língua.
Dir-te-ia, no dia em que faz três anos que morreste de tédio, que o segredo da sobrevivência é a quantidade de decibéis que conseguimos criar em torno do tímpano da alma. 
Ensurdecer para calar o silvo que enlouquece. 
Que dói como uma chama que nos consome a carne e nos impele a apagá-la, mergulhando nas águas profundas de um rio. 

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