sábado, 24 de setembro de 2016

Cuidados continuados

Nós, os de doença de alma crónica, sabemos como é aborrecida a permanente vigilância, o cuidado na recolha da temperatura, o critério na escolha do agasalho certo, a medição programada do tamanho da sombra, a análise química dos poluentes em redor. Às vezes, as pessoas saudáveis dizem-nos que devemos tirar a máscara, molhar os pés nas poças de lama, apanhar a chuva da manhã, correr pelas florestas, fazer amizade com os micróbios. 
Às vezes parece-nos tão verdade que rasgamos as paredes da redoma. 
Mas cedo regressamos ao castigo do quarto asséptico, incapazes de respirar; com os músculos demasiado doridos para nos susterem o esqueleto e os sonhos poluídos pelos germes que trouxemos debaixo das unhas. 

5 comentários:

  1. Respostas
    1. Pirata, o Manuel é suspeito...também a mim já me mandou comer vísceras, alegando que tenho falta de ferro...aqui há coisa...

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    2. Pirata, o Manuel é suspeito...também a mim já me mandou comer vísceras, alegando que tenho falta de ferro...aqui há coisa...

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    3. Talvez o cigana contrabandeie ferro, Ana...

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