Fingiram que a verdade
seria a que fingiram viver.
Fingiram as manhãs à mesa do pequeno-almoço.
O empréstimo do corpo às rotinas do emprego.
A importância das contas na caixa do correio.
Ecrãs azuis de televisões no avesso dos aquários,
ao anoitecer.
E fingiram a presença;
a promessa;
a verdade;
todos os como foi o teu dia
e todas as boas noites.
Coexistiram em segredo
nos silêncios;
no âmago das noites;
na solidão do mar;
no fundo dos espelhos.
E dessa única fonte beberam
a vida.
Vinham de longe, muito longe.
Do tempo das cinzas, do barro e do sangue.
Esperavam que a eternidade
os viesse salvar,
e, entretanto,
fingiram a renúncia.
Em concordância quase total, não fora a última linha. Efectivamente, renunciaram.
ResponderEliminaralexandra dixit (against this, batatas, aos vencedores)
Tens razão. O poema é falso. Renunciaram.
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