Lembrei-me, hoje, teu do pôr-do-sol.
Ficava numa longa reta asfaltada que terminava no mar.
Os raios cansados salpicavam de ouro partículas de pó na berma da estrada que, a cada ocaso, era uma pista de descolagem para a eternidade.
Todas as pessoas tinham o seu pôr-do-sol. Há alguma nostalgia no facto de saber que não voltarei a cruzar-me com tão bizarro sentido de propriedade.
O meu sol punha-se a dois ou três quilómetros do teu spot de ocasos.
Afogava-se diretamente no azul do mar, parecendo mergulhar a partir da minha varanda.
Ainda é assim que se põe o meu sol. As varandas sobre o mar são iguais em qualquer parte do mundo.
Ocorreu-me hoje que, apesar do tanto que partilhámos, raras foram as vezes em que conseguimos viver o mesmo ocaso.
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