Procurámos os indícios nas frases dos primeiros, como se Herodoto, Esopo ou Homero contivessem o mistério da primeira rosa.
Depois buscámos a explicação nos clássicos e diante do seu desprezivo silêncio exigimo-la aos românticos.
Mas, nesse altar, apenas encontrámos o desespero que tentámos aliviar com os poetas. Os versos são fraco paliativo da febre quando a pele não cabe numa metáfora.
Os contemporâneos remeteram-nos para Chuang Tzu e este para um intolerável palácio de acasos.
Inconformados, batemos à porta da ciência onde nos oferecemos para todos os programas experimentais ainda não inventados pelo homem e já condenados pelos deuses.
Percorremos o mundo sem que em nenhum deserto ou oásis nos hajam sabido libertar da peste azul.
Na minha desmorte, resta-me, pois, concluir que é tudo uma grande estupidez.
(...)
ResponderEliminarSe a noite cai agora sobre a rosa passada,
e o dia de verão se recolhe
ao seu nada, e a única direcção é a própria noite
achada? De pulmões às costas, a vida
é tenebrosa. Morte é transfiguração,
pela imagem de uma rosa. E o poeta pernalta
de rosa interior dá à pata nos pedais
da confusão do amor.
Pela noite secreta dos caminhos iguais,
o poeta dá à pata como os outros animais."
Herberto Helder
Maravilhoso, Teresa.
EliminarObrigada.