Eu queria amar a humanidade e comover-me com olhares trocados entre casais em lugares públicos ou notar o gesto lento de uma mão que procura refúgio noutra ou surpreender-me com a expressão da pureza na distração que vai da chávena à boca.
Mas ao domingo as pessoas são mais feias.
As luzes dos candeeiros por cima das cabeças iluminam cabelos desconcertados por almofadas mudas a conselhos e restos de maquilhagem em cima de olhos amorfos que não leram antes de adormecer.
Vieram nos seus fatos de treino que espalharam pelo corpo ainda quente dos cobertores e hoje, é evidente, não tomaram banho.
E então olhá-los torna-se-me insuportável e desloco a atenção da mesa da frente, disperso-a por todo o restaurante e percebo que nenhum deles se lavou esta manhã.
Sinto a nostalgia dessas terras onde as pessoas acordam para ir à missa de domingo; os cabelos penteados e presos com ganchos; uma gola bordada em redor do pescoço ensaboado; eles de camisa engomada debaixo do casaco dos casamentos.
E finda a missa, podem até temperar a costoleta de novilho com o silêncio leve da culpa absolvida, em cantinas comuns. Mas, pelo menos, tomaram banho.
Eu queria amar a humanidade mas ao domingo as pessoas são mais feias.
que nojo...
ResponderEliminarTambém não amas a humanidade?
Eliminaramo gastrópodes, bivalves, cefalópodes e cerveja, pouco mais...
EliminarE os banhos de sol contam, Capitã?
ResponderEliminarBanhos de sol contam. O sol curte as peles.
EliminarEu tomo banho ao Domingo e saio de casa sempre cedo.
ResponderEliminarHá Domingos em que levo ganchos, outros, vai solto, e mesmo que não haja golas de renda, é certo que uso a minha melhor carteira e calço os sapatos mais altos.
Depois do almoço, logo se vê.
E não queres publicar um manual de boas práticas? :))
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