quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O mistério da felicidade

Não gosto da miséria servida ao jantar. É por isso que me recuso a assistir aos serviços noticiários na televisão.
Ontem estava distraída e entrou-me uma búlgara pela sala. O pretexto foi uma reportagem sobre imigrantes ilegais. A búlgara vive numa tenda montada nos escombros de uma fábrica abandonada. Era um cenário daqueles que, enquanto nos cobrem de vergonha pelo ar condicionado, vão roubando o sal aos bifes.
Primeiro, a búlgara mostrou às câmaras os víveres que tinha comprado com os cinco euros que disse terem sido o resultado da pedincha daquele dia.
Depois, arrastando atrás de si um colchão, a búlgara exibiu a sua tenda andrajosa.
Em contínuo, exibiu ainda uma outra coisa, que foi o que mais me fez sentir envergonhada:
Um misterioso sorriso que, ou eu muito me engano, ou era felicidade genuína.

6 comentários:

  1. a felicidade está sempre em ti próprio e não nos outros. Não precisas de ninguém para ser feliz.

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  2. tens outras coisas. porque eu já te vi sorrir de felicidade genuína.
    se o sorriso dela é tradução de um barraco, enfim, cada um ri-se do que pode.

    repara em mim, sempre a rir-me... e de quê, podes explicar-me?

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  3. Medusa: a rir, sim. Mas não a sorrir daquela forma.

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  4. S.A.: O que eu queria dizer é que estas histórias demonstram que a propensão para a felicidade depende muito mais das características inatas das pessoas do que das circunstâncias externas.
    Ainda assim, discordo do teu comentário porque, para ser feliz, eu preciso de dezenas de pessoas.

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  5. Mera hipótese: não poderia ser um sorriso tipo queca-dada-mesmo-antes-de-chegarem-os-senhores-da-televisão? Daqueles que transbordam viço?

    É que essa malta é muito dada ao refustedo.

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