quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
...
2014, a síntese
Faltam menos de vinte e quatro horas para acabar o ano e ainda não fiz nada de que me envergonhe.
Foi um ano muito bom.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Pequeno apontamento novo-burguês na terceira pessoa
domingo, 28 de dezembro de 2014
Your dreams are possible
sábado, 27 de dezembro de 2014
Há sempre qualquer coisa errada com toda a gente
Darwin explica
Blues
We are always on the run away from the sun
And we have only just begun
You say we have overcome, nothing is wrong
You say our job is done, battle is won
But we have only just begun.
Não são blues, são fados
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Das coisas que só algumas pessoas podem ensinar-nos
Um outro dezembro
Quando deixou o frio de acordar aninhado em laços de seda dourada
e restou este azul cinzento, terrível, da cor das veias,
a descer-nos pelos pés, descalços,
afogados na neve.
Quando se apagou o pavio da vela que foi o sol amplificado nas paredes
e amanhecemos sentados no desolo de um banco de jardim mergulhado na neblina.
E onde antes o eco de um riso,
agora,
apenas o uivo faminto do lobo,
A mastigar a doença que carregamos no fundo dos olhos
enquanto restamos aqui fora,
sentados,
de pés afogados,
à espera de um outro dezembro que nos faça regressar a casa.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Boas notícias
Lá pelas três da manhã o último carro do lixo terá livrado a cidade dos sacos, caixas e papéis de embrulho.
Então, poderemos voltar a amanhecer disfuncionais,
Discretamente e sem complexos de culpa.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
And its christmas all over the world
Onde pertencemos
Where the eagles cry
On a mountain high
Far from the world we know
Where the clear wind blows
Life's you and I, a life today
Where the eagles cry
On a mountain high
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Post sobre o Natal
domingo, 21 de dezembro de 2014
O que farás com a memória do meu abraço?
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
O bolero dos surdos
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Lamento
Lamento
Depois de Roma ter ardido
e de tu teres ardido com ela
não esperes de mim
que te escreva um poema para te chorar
eu não estou acostumado
A chorar pássaros mortos
Nizâr Qabbânî, tradução de André Simões, retirado daqui.
domingo, 14 de dezembro de 2014
Castelos no ar
A quadragésima primeira vítima
sábado, 13 de dezembro de 2014
Na dúvida, obedecer apenas ao que nos convém
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Diário de Bordo
Este Natal não abandone o seu blogue
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
E se tu não existisses
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Esse resto de dignidade
A terra foi generosa. Floresceu um bosque cerrado.
Onde lenhador nenhum poderá entrar.
I Know places
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
domingo, 30 de novembro de 2014
Do epitáfio quase perfeito
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
Mia Couto, in A Raiz de Orvalho e outros Poemas, Caminho.
Vem no Ibsen ...
sábado, 29 de novembro de 2014
Ilusionista
Abro as asas de cetim estrelado
e do coração estéril
nascem pombas.
Ergo os braços feitos de cometas
e das mãos vazias
desprendem-se rios
Ensaio nas vielas da noite
os aplausos dos mendigos,
E agradeço
a todas as pedras.
Faz frio
Molham-se as asas
Pesam os braços
Não me queixo
do meu destino.
Às vezes,
Um rasto de penas
Ou um resto do rio.
E o coração menos estéril
Ou as mãos menos vazias
E sou o mendigo iludido
E a pedra agradecida
E faz menos frio.
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
(O título foi saqueado a Álvaro de Campos e a imagem, apesar de roubada da net, bem poderia ser um print da retina da minha memória)
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Ciganos
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Asas fechadas
domingo, 23 de novembro de 2014
O mundo ao contrário
O que diriam os juízes de Berlim perante moleiros que assentam a sua esperança no rei da Prússia?
Comunicações intergalácticas
sábado, 22 de novembro de 2014
Enquanto não chove
É o reverso do abraço.
Suspende-o a força que assegura a distância entre os nossos dedos.
É o espaço de não existência onde se equilibra o mundo.
Há-de cair o céu num abraço.
E então o mundo choverá.
E será novembro.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Insignificância
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Outra Mulher que Chora
Outra Mulher que Chora
Decanta toda a infelicidade
Do teu coração demasiado ferido,
Que o luto não adoçará.
O veneno cresce na escuridão.
É na água das lágrimas
Que emergem as suas flores negras.
A magnífica razão de ser,
A imaginação, a única realidade
Neste mundo imaginado
Deixa-te
Com aquele por quem nenhuma fantasia se move,
E tu és trespassada por uma morte.
Tradução de Cuca
Another Weeping Woman
Pour the unhappiness out
From your too bitter heart,
Which grieving will not sweeten.
Poison grows in this dark.
It is in the water of tears
Its black blooms rise.
The magnificent cause of being,
The imagination, the one reality
In this imagined world
Leaves you
With him for whom no phantasy moves,
And you are pierced by a death.
Wallace Stevens
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Elogio do esquecimento
domingo, 9 de novembro de 2014
Diário de Bordo
sábado, 8 de novembro de 2014
Coisas que eu só não disse porque ninguém me perguntou
Virgínia Woolf sobre o Ulysses de Joyce "É a obra de um estudante universitário enjoado a espremer borbulhas."
Oscar Wilde sobre Alexander Pope: "Ha duas maneiras de não gostar de poesia; uma, não gostar; a segunda, ler Pope."
Evelyn Waugh sobre Marcel Proust: " A ler Proust pela primeira vez. Muito fraco. Acho que era deficiente mental. "
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria
Platão
sábado, 1 de novembro de 2014
Poetas pragmáticos
seja amargo desastre. Houve no passado,
muito luar a mais e auto-compaixão;
acabemos com isso: já como nunca é dado
agora ao sol audaz atravessar o céu
e nunca aos corações deram mais ganas
de serem livres contra mundos, florestas; eu
e tu não os detemos, nós somos as praganas
a ver o grão partir e é para outro uso.
E tem-se pena. Sempre se tem alguma.
mas não demos às vidas laço escuso,
como barcos ao vento, de luz molhada a crista,
desferram do estuário e cada um lá ruma:
separam-se acenando e perdem-se de vista.
Philip Larkin
Manual de Instruções
Não me peças que conduza a menos que estejas cansado.
Nunca me mintas ainda que a verdade te dê muito trabalho. Se for grave, serás descoberto.
Escolhe a praia em vez do campo e pede tarte de maçã em vez de bolo de chocolate.
Não perguntes pelos meus pensamentos, não me relates as notícias do teu jornal, não me obrigues a ver futebol.
Escolhe o vinho mas opta por aquele que tens a certeza que vou gostar.
Tem certezas. E sonhos. Reserva um que seja impossível de concretizar.
Não me corrijas em público, mas avisa-me em privado. Podes gozar comigo. Ninguém o fará tanto como eu própria.
Se fores pobre ou sovina, sofre em em silêncio e não faças contas ao dinheiro na minha presença.
Interessa-te pelas minhas músicas e pelos meus livros, eu interessar-me-ei sempre pelos teus.
Às vezes regresso a casa cansada ou triste. Não me peças que te explique e conta-me anedotas ao ouvido.
Ama o silêncio.
Não me perguntes pelo meu passado e não tragas o teu para dentro do meu presente.
Bebe café e álcool e come carne. Desconfio de quem não o faz.
Deixa-me comprar-te coisas.
Faz aquilo que te pedir. Pedir-te-ei raríssimas vezes.
Existe comigo numa realidade paralela.
Não morras e sobretudo não te mates.
Inspirado neste post do Pipoco Mais Salgado que, por sua vez, se inspirou neste post da Domadora de Camaleões.
O injustificável
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
O ensinador de nuvens
Pendurada nestes fiapos do céu de hoje,
quase consigo ver os contornos do sorriso que disfarças,
para depois denunciares na expressão dos sonhos acordados
dos meninos de outros dias.
Estás rodeado de gente séria,
de pescoços esticados na direção do céu,
enquanto lhes desvendas metade do mistério da transmigração da substância das nuvens.
A outra metade é demasiado tua para que a possas ensinar.
É essa reserva, a génese do sorriso que disfarças,
para depois denunciares na expressão dos sonhos acordados
dos meninos de outros dias.
Pendurada nestes fiapos do céu de hoje,
quase consigo tocar a substância das nuvens
na metade que não ensinas:
a que é demasiado tua.
Sortes chinesas
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Das coisas bonitas
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Eufemismos
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Quando saíres fecha a porta
Por isso, por favor, quando saíres fecha a porta.
domingo, 26 de outubro de 2014
Moraly speaking
São ecos, senhora
sábado, 25 de outubro de 2014
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Dor nos dedos
Gonçalo M.Tavares, in àgua, cão, cavalo, cabeça
Relíquias
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Exigências de reposição
domingo, 12 de outubro de 2014
Nós os Piratas percebemos pouco do prémio Nobel da Paz
sábado, 11 de outubro de 2014
Contrato de salvação
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Insónia
terça-feira, 7 de outubro de 2014
Das perguntas proibidas
Y será verdad, y será verdad, y será verdad
Que tengo un lugar en tu alma
Y será verdad que en tu soledad me buscabas
Y será verdad que en tus sueños no me encontraba
Y será verdad, y será verdad, y será verdad
que tengo un lugar en tu alma
(...)
Desde que el mar y la luna, desde que el sol y la tierra,
desde que la aurora es una, desde que el hijo y el padre
Desde el deseo y la carne, desde entonces mi locura
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Empréstimos
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Como um rei
The difficulty to think at the end of day,
When the shapeless shadow covers the sun
And nothing is left except light on your fur—
There was the cat slopping its milk all day,
Fat cat, red tongue, green mind, white milk
And August the most peaceful month.
To be, in the grass, in the peacefullest time,
Without that monument of cat,
The cat forgotten in the moon;
And to feel that the light is a rabbit-light,
In which everything is meant for you
And nothing need be explained;
Then there is nothing to think of. It comes of itself;
And east rushes west and west rushes down,
No matter. The grass is full
And full of yourself. The trees around are for you,
The whole of the wideness of night is for you,
A self that touches all edges,
You become a self that fills the four corners of night.
The red cat hides away in the fur-light
And there you are humped high, humped up,
You are humped higher and higher, black as stone—
You sit with your head like a carving in space
And the little green cat is a bug in the grass.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
O feminismo é cool
domingo, 28 de setembro de 2014
Os Maias
Medo da luz
Platão, sempre preocupado com a minha vida...
sábado, 27 de setembro de 2014
Ao espelho
Limpo de amor ou desgosto.
Alerta laranja
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Antes que setembro morra
Comprar um leque colorido e usá-lo muito em público.
Acreditar que se pode ser uma pessoa diferente por se ter um leque colorido.